domingo, novembro 12, 2006

Acerca daquele assunto

Quando fiz o blog, prometi a mim mesmo que ia evitar referir, ou não mencionar de todo, os assuntos mais generalistas que correm nos noticiários, jornais, cafés e tudo o mais. Para isso, há blogs que cheguem. Mas desta vez a referência é inevitável.

Observo uma secção de um dos suplementos do jornal Expresso, inteiramente dedicado á publicação de cartas enviadas à redacção do mesmo por leitores, ora apontando as deficiências das reportagens publicadas em números anteriores, ou simplesmente comentando o que bem lhes apetece acerca dos ditos artigos. Um verdadeiro hino á vox populis, direi mesmo mais.
A verdade é que a liberdade de expressão é uma coisa bonita, mas corre sempre o risco de ser levianamente usada a bel-prazer de pessoas que se acham detentoras de uma retórica incrível e galvanizante. Ao ler a crítica de uma leitora a uma jornalista pelos dados do artigo da respectiva, fico chocado com tal imbecilidade. A leitora critica a jornalista por dizer que "muitos portugueses desaprovam o aborto nos hospitais públicos". Note-se que a jornalista apenas expressa uma opinião geral, e de maneira nenhuma indica se a sua se engloba na do grupo estudado.
O que se segue é uma fraca comparação da situação de gravidez indesejada ao cancro por consumo de tabaco, á toxicodepenência, e afins. Todos são adquiridos por comportamentos de risco. Mas de maneira nehuma a gravidez indesejada pode ser considerada uma doença! Segundo a leitora, se o aborto não pode ser permitido, então os sofredores de cancro, toxicodepentes e alcoólicos deviam todos ser corridos dos hospitais. Uma descasca pouco fundamentada e que expressa uma extrema ignorância da parte da leitora. Independentemente da opiniao pessoal de cada um sobre o aborto, creio que é de senso comum que a gravidez é um privilégio, desejada ou indesejada. Por isso apelo á sobriedade de pessoas certamente mais maduras que eu na escolha das suas quezílias e argumentos. De facto, a gravidez é o único comportamento de risco a que podemos agradecer de nos ter posto no mundo.

7 Comments:

Blogger James M. said...

Este Homem é deveras culto, hehehe
É com cada palavrão que tenho de ir ao dicionário. Mas captei a ideia! "A gaja era mesmo estúpida" :P
Ah e tal, a aprender viola!!! Excelente, excelente, excelente! Um grande abraço! Em breve nos veremos :)

segunda-feira, 13 novembro, 2006  
Blogger Catharina said...

De facto quando as pessoas não sabem o melhor é estar-se caladinho e sossegadinho!

Beijoes óh guitarrista (futuro)

segunda-feira, 13 novembro, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Que comparação mais parva que a mulher fez =S Perdeu uma boa oportunidade de estar calada... Há pessoas que não sabem quando se devem calar...

sábado, 18 novembro, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Coiso.

Nem sei o que dizer face a tal .. ahmmm .. tentativa de dar a sua opinião.

O que tu devias fazer era dormir !
E descansar! E não matares muitos neurónios ! ok ?

(:

Beijinhos

*

domingo, 19 novembro, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Despenalização Já!

terça-feira, 26 dezembro, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Curioso. Eu não posso agradecer à minha mãe que me tenha posto no mundo. Espanta-me como alguém é capaz de o fazer.
Espero verdadeiramente nunca ser responsável directo por pôr alguém neste mundo. Não quero esse mal a nada nem ninguém.

sábado, 30 dezembro, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Pois a senhora teve realmente uma saída infeliz, mas isso não invalida a sua opinião ou a torna certa ou errada. Tal como ela eu vou votar sim, mas espero com muita força que caso o sim ganhe, a proposta de lei para que as IVG permitidas sejam suportadas pelo estado e feitas em hospitais públicos não passe. Quero que haja a liberdade para que uma mulher, sozinha ou como parte de um casal, possa interromper uma gravidez indesejada até às 10 semanas por não ser uma opção válida em determinada altura da sua vida (por razões que só ela ou o casal podem pesar), mas apenas se houver uma consciencializção de que há que suportar os custos, tanto financeiros como psicológicos desta decisão.
Uma IVG não é uma solução fácil para alguém que teve a infelicidade de planear mal os seus passos ou ser vítima do destino (porque há casos em que o contraceptivo não funcionou como devia) e quem pensa isso é porque nunca passou por tal situação. O argumento que muitos usam de que uma IVG é um descartar simples e despereendido de um acto negligente da parte de uma mulher é absolutamente falso. São inúmeras as situações que podem levar uma mulher a querer abortar e não há, de nenhum dos lados, um argumento só que englobe todas as razões porque o sim ou o não sejam a escolha correcta.
Em conclusão, apesar de concordar com a despenilização concordo ainda mais com a abertura de clinicas privadas onde se pague à vista da lei os valores que se passam hoje em dia por debaixo da mesa.

quarta-feira, 07 fevereiro, 2007  

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