Texto
A noite já vai longa e o bar anda parado, ninguém sai, ninguém entra. O engate está em jogo, sorrateiro, e as apostas estão no ar, assim como o cheiro intenso do tabaco contrastando as colónias e perfumes feitas perfeitas feromonas. O cantautor de serviço segue os acordes apenas com o foco vermelho vindo de cima. O som está mau, mal se percebe o soletrar confuso do infeliz, com a testa franzida. No fundo do sítio mal iluminado fico de pé encostado á parede. Cedo encontro companhia no balcão: o odor embriagante do meu cocktail conforta-me o espírito, porque vim sozinho e não tenho nada a perder, apenas uma noite.
Noite de natal, pelos vistos. Gostaria de dizer que esta gente toda veio a ao malfadado sítio por motivos semelhantes aos meus, mas não. São animais. Eu já nem isso posso ser. A minha embriaguez depressa substitui a memória presa de que não me deste nada neste natal. E eu que te quis dar tudo. Tudo o que achei melhor e bom para ti, nós.
Um turbilhão de lembranças ressaltam-me o cortex enquanto trago o meu segundo cálice. Soube-me mal, mas que se dane. É natal e não tenho nada a perder.
Noite de natal, pelos vistos. Gostaria de dizer que esta gente toda veio a ao malfadado sítio por motivos semelhantes aos meus, mas não. São animais. Eu já nem isso posso ser. A minha embriaguez depressa substitui a memória presa de que não me deste nada neste natal. E eu que te quis dar tudo. Tudo o que achei melhor e bom para ti, nós.
Um turbilhão de lembranças ressaltam-me o cortex enquanto trago o meu segundo cálice. Soube-me mal, mas que se dane. É natal e não tenho nada a perder.